23/02/2005

Hércules, biografia revista



O homem era um mito. Minto. O homem era uma lenda. E, como todas as lenda, nasceu no topo da montanha, mais precisamente no ponto mais alto do território português, que é a montanha do Pico. Foi baptizado com o nome Heracles, mas ficou Hércules para os amigos. Foi mau aluno, principalmente nas aulas de português; para ele era tudo grego. Na adolescência, deixou o crescer cabelo. Cultivava um melena digna de um avançado italiano. "Isso é coisa de paneleiro, meu filho", dizia o pai, Elizeus. Não servia de nada. Hércules penteava-se demoradamente, com uma escova de pêlos de cerdo, e ficava horas a admirar-se no espelho. Um dia, o dinheiro já não esticava para a família toda e o jovem teve que arranjar trabalho. Na realidade, arranjou doze trabalhos, mas acabou por se dar mal em todos:

1: Enforcou o Leão de Neméia (Benfiquista fanático, não suportava a ideia de ter leões na zona).

2: Matou a hidra de Lerna (Versão oficial: matou Lerna na sessão de hidromassagem. Lerna era uma drag queen).

3: Capturou a corça de Cerinéia (Um Corsa completamente alterado, todo tunninficado, duas portas, comercial, um alta fidelidade nas estradas. Cerinéia ficou fula e fez queixa na esquadra).

4: Capturou o javali de Erimanto (Roubar o porco do vizinho dá cadeia).

5: Limpou os estábulos de três mil bois (Arrependeu-se por cada vez que se baixava de costas para eles...).

6: Matou com flechas as aves dos pântanos (Matar espécies protegidas dá cadeia).

7: Capturou o touro de Creta (O gajo não era touro, era corno. A Creta é que era uma vaca).

8: Capturou as éguas antropófagas de Diomedes (Outro vizinho, cujas filhas ninfomaníacas espantavam a estrangeirada toda).

9: Levou à Edmeta, filha de Euristeu, o cinturão de Hipólita, rainha das guerreiras amazonas (Foi justo. A Edmeta tinha ganho o concurso de misses e merecia muito mais que a Hipólita, que era um camafeu).

10: Levou ao rei um rebanho de bois (Aqueles bois, de um antigo trabalho de Hércules. Pois é... Fetiches da realeza.).

11: Trouxe as maçãs do jardim das Hespérides (Roubar a fruta do vizinho dá cadeia).

12: Apoderou-se do cão Cérbero, guardião das portas do inferno (Primeiro, o porco do vizinho. Agora, o cão do porteiro. Cadeia, claro!).

Hércules acabou por casar com Dejanira, uma cabeleireira que passava o dia a cantar coisas inventadas por ela: “Porque eu só quero ir onde nunca vou!...”. A vizinhança dizia que a rapariga cantava estas coisas, porque Hércules passava o tempo a comer fora de casa e não a levava a passear.
Um dia, Dejanira foi falar com uma das macumbeiras que presta serviços no FCP, para que o seu marido lhe fosse fiel. A macumbeira deu-lhe a receita de um arroz de cabidela bem molhadinho, chamado “Filtro do Amor”. O sangue tinha de ser de franga, mas com o Hércules no fundo de desmprego, não havia dinheiro para esses luxos gastronómicos. Por isso, o sangue acabou por ser de rata. Assim, Dejanira, a quem a rata já tinha entrado em putrefacção há vários anos, por falta de uso, acabou por causar a morte a Hércules, que não resistiu a uma desinteria depois de comer o arroz. E de pouco serviu a tal macumba, pois consta-se que este Don Juan da antiga Grécia, mesmo depois de morto, ainda se casou com uma das gandas malukas do Olimpo, a Hebe.